
Autismo: o que é e quando suspeitar?
Muito se fala sobre o Autismo, mas nem sempre se conhece de fato as características desse quadro. Nesse artigo, vamos entender melhor as particularidades desse transtorno, levando-se em conta que cada caso é único e pode apresentar características próprias, que também precisam ser consideradas. Desse modo, a avaliação deve ser realizada de modo muito cuidadoso, geralmente por uma equipe de profissionais, que indicará a melhor intervenção a partir das potencialidades e déficits observados.
A definição oficial do Autismo no Brasil é estabelecida levando em consideração os critérios propostos em duas classificações usadas internacionalmente pelos profissionais da saúde: CID-10 e DSM-V.
De acordo com a CID-10, Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, o Autismo é caracterizado como “um transtorno invasivo de desenvolvimento, definido pela presença de desenvolvimento anormal/e ou comprometimento que se manifesta antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de funcionamento anormal em todas as três áreas: interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo”.
Já o Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais da Sociedade Norte-Americana de Psiquiatria (DSM-V) lançado em 2013, trouxe modificações importantes no que se refere ao diagnóstico do Autismo. A principal delas refere-se ao novo termo empregado: “Transtorno do Espectro do Autismo – TEA”, que abrange os nomes usados anteriormente para designar esse quadro (Autismo, Síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo e Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação). Segundo esse referencial teórico, o Autismo se manifesta em diferentes graus dependendo do impacto que provoca na interação e na comunicação do sujeito. Ainda segundo o DSM-V, o diagnóstico é feito mediante a observação de duas áreas principais: a comunicação social e os déficits comportamentais restritos ou repetitivos.
O número de diagnósticos de crianças com autismo vem crescendo nos últimos anos. Atribui-se esse aumento a uma significativa melhora da divulgação dos estudos sobre esse transtorno, que atinge indivíduos de todos os países do mundo, independente de raça, etnia ou grupo social, sendo mais comum em meninos.
O diagnóstico do Transtorno do Espectro do Autismo é complexo, pois a maioria dos exames laboratoriais não demonstra resultados concretos que possam confirmar se uma criança tem ou não o transtorno. Também não é um quadro que evidencie visivelmente se o indivíduo se enquadra nessa categoria, como ocorre, por exemplo, com a Síndrome de Down.
Sendo assim, havendo a suspeita de uma criança possuir o Transtorno do Espectro do Autismo, é importante que ela seja encaminhada para uma avaliação com uma equipe interdisciplinar. Um diagnóstico correto é fundamental para que a criança possa receber atendimento médico, terapêutico e educacional adequado as suas especificidades.
A educação inclusiva de alunos com Autismo torna mais complexa e desafiadora a tarefa do professor. Ele tem a grande responsabilidade de entender e decifrar o indivíduo, que muitas vezes vive em seu mundo singular. Entretanto, por inúmeros motivos como, turmas numerosas, falta de capacitação e até mesmo por questões pessoais, muitas vezes o professor não consegue se atentar as especificidades de cada um de seus alunos.
Uma equipe interdisciplinar de apoio à aprendizagem pode colaborar oferecendo informações sobre as especificidades dos alunos com Autismo e sobre instrumentos e estratégias adequadas para fazer com que o aluno encontre na escola um ambiente acolhedor e que torne mais efetiva sua aprendizagem educacional e social.
Taís Ciboto – Fonoaudióloga e Psicopedagoga – Mestre em Educação Especial pela USP
Coordenadora do Projeto LEIAA – LARES Equipe Interdisciplinar de Apoio à Aprendizagem