
A inclusão educacional é possível?
Recentemente, com a questão da inclusão escolar, intensificou-se a preocupação do professor em lidar, numa mesma sala, com crianças que demonstram um bom rendimento escolar, com outras que estão no limiar entre o aprender e o não aprender e outras que já apresentam uma dificuldade de aprendizagem evidente. Como contemplar, ao mesmo tempo, estas três realidades tão distintas? Como incluir uma criança com um perfil de aprendizagem diferente nas tarefas programadas para o restante da turma?
De acordo com a Declaração de Salamanca sobre Princípios, Política e Prática em Educação Especial (UNESCO, 1994), toda criança tem direito fundamental à educação, e deve lhe ser dada à oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem.
Ainda segundo a Declaração de Salamanca, o termo “necessidades educacionais especiais” refere-se a todas as crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem.
Todos nós temos características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas. Portanto, os sistemas e programas educacionais precisam levar em conta a vasta diversidade de tais características e possiblidades de aprender. Aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que precisa acomodá-los dentro de uma pedagogia centrada no educando, capaz de satisfazer tais necessidades e possibilitar não apenas a inserção na escola, mas a inclusão de fato.
Muitos estudantes, mesmo sem deficiências ou síndromes evidentes ou diagnosticadas, experimentam dificuldades de aprendizagem ao longo de seu processo de escolarização e, portanto, também possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto dessa trajetória.
Sendo assim, as escolas precisam buscar formas singulares e personalizadas de educar esses diferentes perfis de aprendizagem de maneira bem-sucedida, incluindo aquelas que possuam desvantagens mais severas. O planejamento educacional individualizado é uma ferramenta fundamental nesse processo.
Uma escola inclusiva reflete uma sociedade inclusiva, ou seja, uma cultura que busque melhores condições de vida, saúde, educação, segurança, estímulos, etc, a todas as crianças. Essa concepção é um passo crucial no sentido de modificar atitudes discriminatórias, criar comunidades acolhedoras, abrir novos caminhos, enxergar diferentes horizontes e respeitar todas as formas de aprender!
Taís Ciboto – Fonoaudióloga e Psicopedagoga – Mestre em Educação Especial pela USP
Coordenadora do Projeto LEIAA – LARES Equipe Interdisciplinar de Apoio à Aprendizagem